PARA QUE SERVE A PSICANÁLISE?

Começo com a passagem da autora Denise Maurano na obra (Para que serve a Psicanálise, página 30), “São inúmeras as questões, e respondo-as dizendo que a Psicanálise é indicada para tratar todo tipo de doença, dado que não tratamos a doença mas o sujeito que nela está implicado, ou seja, o sujeito que faz da doença um sintoma que chamamos analítico”, partindo desse pressuposto, entendemos que todos os estudos feitos por Sigmund Freud faz sentido na ideia de que todos nós temos um mapa em nossa estrutura cognitiva que ainda precisa ser iluminado por nós, para que possamos nos desenvolver enquanto seres humanos livres.

A humanidade busca por vezes fugir de tudo que o maltrata, mais o que verdadeiramente maltrata em nós, não é onde estamos, mais sim, onde estivermos enquanto seres sociais e sociáveis durante a jornada que vivemos.

Viver é uma questão de nascer, mais não podemos simplesmente nascer e viver a experiência livre da sobrevivência como são os animais e tudo aquilo que preenche a natureza. Somos seres dependentes para nossa sobrevivência, desde o nascimento até o momento de nossa própria descoberta do que somos através daquilo que aprendemos dentro de nossa primeira estrutura social, nosso LAR.

Assim, iniciamos nossa construção de vida, aprendendo os costumes necessários para vivermos de acordo ao que essa base nos impõe em seu aprendizado, desde as crenças, necessidades e expectativas criadas sobre cada um que passa por esse ciclo. Daí, surgem nossas primeiras descobertas de quem somos e do que não podemos e devemos, ou seja, não somos o que experimentamos de nós, mais sim o que nos impõem em experimentações para uma vida.

Nessa jornada inicial da vida humana, o homem passa por uma vasta experiência de crenças e costumes que o afastam de si, deixando-o refém de tudo que está fora e o fazendo vivenciar a experiência atônica de uma vida cheia de superstições e “prisões” do EU.

Dada essa explanação inicial, entendemos a motivação de tantas dores e mazelas sofridas pelos seres humanos em sua jornada de vida e existência social, fazendo-o viver de maneira atônica em seus sofrimentos e muitas vezes mal compreendidos de si para si perante a tudo que vivencia e vivenciou em suas experiências, seja elas familiar, sociais , funcionais , amorosas, dentre outras, e até mesmo em seu pleito de descoberta sexual e sobre sua sexualidade em si, que hoje se tornou comum entre muitos que por uma questão de repressão que acaba não se descobrindo de fato naquilo que o é, e sim o que satisfaz à aqueles que os definem de maneira exteriorizada.

A denominação de Homem ou Mulher, ainda é uma dor para muitos que não se entendem de maneira geral em si, e nem sobre sua própria definição da natureza humana com sua liberdade de se experimentar por completo.

A Psicanálise, tem o papel de aprofundar dentro desse seio do entender e compreender o seu paciente de acordo as suas mazelas e dores que os fazem se sentir em uma análise de repressão por conta do que é Consciência externa, por isso deve-se se atentar a essas análises indiretas de maneira direta na sessão psicanalítica, onde o profissional deve seguir o anseio do paciente de acordo os questionamentos e entregar assim , os meios de uma compreensão mais profunda de si , sobre sua própria natureza e não sobre o que se tem de uma racionalidade natural da causa em si.

Podemos exemplificar trazendo um dos temas que mais aprisiona o homem dentro desse contexto de dor e sofisma, a Religião. Não generalizando e conceituando a mesma, mais dando sentido de que muitos não compreendem em si os ensinamentos naturais da vida sobre sua existência e vivem sobre aquilo que a Religião impõe como a natureza humana, trazendo muitas questões sobrepostas em seu comportamento e em seu modo de viver dentro de sua experiência humana, e isso o afasta de si, gerando diversas questões de dores e sofrimentos não aceitas nem mesmo pelo meio no qual o fez adentrar nessa jornada de escuridão e sofrer.

“É por isso que não é a natureza do sofrimento que delimita o campo de intervenção do analista, mais o modo da relação do sujeito com seu sofrimento, seja ele qual for.” (pág.30)

Assim , podemos compreender que a Psicanálise é importante para a humanidade como uma porta de acesso para a busca do seu verdadeiro estágio natural da vida, trazendo a cura para a mente de seus pacientes através das intervenções diretas e indiretas compostas sobre a própria natureza do indivíduo em análise e entregando a ele a consciência de sua vida através de sua própria essência naquilo que o reprime, dando a razão de que nada pode ser absoluto ou abstrato para a mente se não houver uma razão consciente para tal, e que todas as criações dada dentro desse prisma nada mais é do que a própria criação para si do que o repreende.

E como trabalhar isso na análise em si?

Segundo a própria autora “ O deslanchamento do dito processo vai depender de uma retificação que o sujeito faz de sua própria posição queixosa”. (pag.36) , ou seja , é através dessa retificação feita pela próprio analisando que o profissional Psicanalista atua de maneira ativa para a jornada de cura do mesmo.

Assim, posso concluir essa dissertação enfatizando que a Psicanálise não tem como ser excluída do anseio da cura humana em suas diversas gerações, pois sempre haverá uma armadilha pela qual a mente humana necessitará de um apoio para conseguir se desvencilhar e o Psicanalista será com certeza o seu grande aliado nessa jornada de cura infinita, pois onde há mente, haverá razão e onde haverá razão existirá uma inconsciência não formada sobre a liberdade consciente do SER HUMANO em sua completude.

Ricardo Mateus - Psicanalista e Terapeuta Coach.